Torcida dá show no Hino Nacional, respeita o inglês e depois oscila entre silêncio, apoio à Seleção e muitas reclamações com o atacante do Zenit
“Pátria amada, Brasil!”. O Hino Nacional Brasileiro foi cantado por vozes eufóricas e orgulhosas antes da reabertura do Maracanã. Logo em seguida, respeito durante o hino inglês, e aplausos depois. Um exemplo de civilidade. Mas durante os 90 minutos, as 66 mil pessoas que assistiram ao clássico (57.280 pagantes) oscilaram entre o silêncio, a empolgação, a lembrança aos clubes e uma posição clara: eles querem Lucas no lugar de Hulk.
Dois objetos infláveis nas mãos de cada torcedor ecoavam um barulho bem mais agradável do que o das vuvuzelas da África do Sul, três anos atrás. Antes de o jogo começar, o sistema de som tocou sucessos atuais e inflamou o povo. A atmosfera era de Copa do Mundo, mas deu lugar ao Brasileirão quando os flamenguistas, do lado esquerdo das tribunas, cantaram “Mengo, Mengo!”, respondidos pelos adversários com uma música menos educada.
A pouca eficiência do time brasileiro fez com que boa parte do primeiro tempo fosse disputada sob um silêncio sepulcral, tradicional também nas partidas da Seleção. Nos setores de ingressos mais baratos, nem todos respeitaram seus assentos. Quanto mais próximo do campo era o lugar, menor o problema. O alto-falante também lembrou que o estádio será a “casa do torcedor” na Copa das Confederações e pediu que assentos e banheiros fossem bem cuidados.
Problema mesmo teve Hulk. Após dois erros de passe, passou a ser vaiado sempre que pegava na bola. Cenário amenizado depois que o atacante quase fez um golaço de letra.
Ao mesmo tempo, o xodó Lucas era lembrado. Aos 33 minutos, teve seu nome gritado pela primeira vez, ainda timidamente. No finalzinho do primeiro tempo, o estádio inteiro pediu sua presença. Só foram atendidos durante a etapa final. E o que era para ser delírio se transformou em indignação. Todos esperavam que Hulk saísse, mas subiu a placa com o número 11 de Oscar.
- Burro, burro, burro!!!
Felipão ficou de orelha quente, mas Hernanes e Fred o salvaram. O chute na trave do volante e o gol do atacante, no rebote, fizeram o Maracanã tolerar até Hulk. A Inglaterra empatou, virou, e o técnico brasileiro mexeu em diversas posições. Só mesmo a saída do atacante do Zenit foi acompanhada por reclamações.
Justiça seja feita, se em nenhum momento a torcida pressionou (no bom sentido) e incentivou como costuma fazer com seus clubes, também não houve vaias, a não ser a Hulk. E o golaço de Paulinho devolveu o sorriso ao rosto dos brasileiros. E o grito que os cariocas não viam a hora de voltar a tirar da garganta:
- Aha, uhu, o Maraca é nosso!
Em outra circunstância, o apito final do árbitro geraria vaias após um empate em casa. Talvez seja o clima da competição que se aproxima. Talvez o público diferente. Mas elas foram substituídas por aplausos. Os jogadores retribuíram, agradeceram. O Brasil e o Maracanã só voltarão a se encontrar neste mês se a Seleção chegar à final da Copa das Confederações, no dia 30. O reencontro está marcado
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