A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicou na última quarta-feira (05/11) os últimos boletins financeiros do Campeonato Brasileiro de 2012, encerrado no fim de semana passado. Em 380 partidas disputadas em 38 rodadas, a receita de todos os times da primeira divisão chega a R$ 118,9 milhões, um número ligeiramente superior ao de 2011, R$ 118,2 milhões.
Mas o indicador mais construtivo, para se ter uma noção mais clara de quanto as bilheterias contribuem para o caixa dos clubes, é o lucro que cada time teve entre maio e dezembro, quando já foram descontadas das receitas as despesas com manutenção do estádio, taxas pagas a federações e impostos, como INSS. Ao todo, a elite nacional lucrou R$ 59,9 milhões durante o campeonato, um pouco mais do que os R$ 57,5 milhões lucrados na edição de 2011.
Este é o ranking dos clubes em lucro:
1º Corinthians (R$ 8,4 milhões)
2º São Paulo (R$ 7,5 milhões)
3º Grêmio (R$ 7,3 milhões)
4º Atlético-MG (R$ 5,1 milhões)
5º Sport (R$ 4,7 milhões)
6º Bahia (R$ 4,1 milhões)
7º Náutico (R$ 4 milhões)
8º Palmeiras (R$ 3,4 milhões)
9º Atlético-GO (R$ 2,4 milhões)
10º Cruzeiro (R$ 2,3 milhões)
11º Fluminense (R$ 2,1 milhões)
12º Figueirense (R$ 2 milhões)
13º Flamengo (R$ 1,5 milhão)
14º Internacional (R$ 1,4 milhão)
15º Botafogo (R$ 1 milhão)
16º Portuguesa (R$ 999 mil)
17º Santos (R$ 515 mil)
18º Vasco (R$ 334 mil)
19º Ponte Preta (R$ 319 mil)
20º Coritiba (R$ -194 mil)
A lista merece algumas observações.
Um destaque bastante positivo é a ascensão do Atlético-MG. No ano passado, distante de Belo Horizonte por causa do fechamento do Mineirão para reforma, os mineiros lucraram R$ 457 mil. Nesta temporada, de volta à capital, no reinaugurado estádio Independência, o resultado financeiro se multiplicou, também ajudado pela excelente fase em campo e por Ronaldinho Gaúcho.
O Grêmio, que saltou de R$ 3,5 milhões em 2011 para R$ 7,3 milhões em 2012, também surpreende. Nesse caso, os gaúchos certamente foram beneficiados pelo adeus ao estádio Olímpico, pois o clube está de mudança para sua nova arena, a ser inaugurada em dezembro. No último jogo, a despedida, o lucro foi de R$ 1,1 milhão, o terceiro mais alto de toda a competição.
Ver o desempenho de Sport, Bahia e Náutico faz desejar que mais clubes do Nordeste brasileiro joguem na elite. A presença de suas torcidas nos estádios é ótima para que a liga como um todo seja mais atrativa, para que o espetáculo seja valorizado. Infelizmente o Sport volta a jogar a Série B em 2013, mas a promoção do Vitória à primeira divisão é positiva por esse aspecto.
Os resultados financeiros dos quatro cariocas, abaixo do que conseguiram rivais, são explicados por alguns pontos. Em primeiro lugar, os cariocas são os clubes que mais têm suas rendas penhoradas pela Justiça para pagamento de dívidas, uma dedução que suga parte do lucro. O estádio Engenhão, menos acessível do que a população gostaria, também puxa para baixo por ter uma manutenção mais cara que outros estádios e por atrair menos público.
Um estádio mais barato para se manter é a razão, por exemplo, do relativo bom desempenho nos ingressos de Figueirense e Atlético-GO. Nenhum dos dois possui alto faturamento com a venda de entradas, mas o Orlando Scarpelli e a Serra Dourada têm gastos bem mais baixos do que o Engenhão. Enquanto um jogo no Serra chega a custar pouco mais de R$ 20 mil, um na arena carioca demanda R$ 195 mil em média para pagar as despesas.
O déficit do Coritiba também merece uma explicação. Na verdade, no boletim financeiro consta um prejuízo exclusivamente relativo à venda de ingressos nas bilheterias. Acontece que os paranaenses têm um programa de sócios-torcedores que dá gratuidade aos filiados. Ou seja, o Coritiba tem déficit na bilheteria, mas compensa com a arrecadação mensal, mais segura e previsível, do programa de associados. Uma peculiaridade.
E a disputa em particular entre Corinthians e São Paulo foi mais uma vez bem “quente”. Os são-paulinos levam vantagem em determinadas partidas. Em duas rodadas, por exemplo, conseguiram R$ 1,2 milhão e R$ 1,1 milhão de lucro, beneficiados por um Morumbi lotado e um faturamento bastante alto. Mas os corintianos têm uma renda frequentemente mais alta que supera os gastos com o Pacaembu, estádio público, e novamente o colocam na frente.
A pesquisa leva em consideração os dados fornecidos pela CBF nos boletins financeiros das 380 partidas do Campeonato Brasileiro deste ano.
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