Em menos de quinze minutos, Missy está brincando novamente com as três irmãs no canil. Quem vê, nem acredita que acabou de doar sangue. A veterinária ainda está recolhendo as agulhas, quando o celular toca: a coleta já tem um destino de urgência. O estoque do Hemocentro Veterinário de Ribeirão Preto (SP), um dos três que existem no interior do estado, volta a ficar vazio.
Reverter esse quadro é a maior dificuldade enfrentada pela coordenadora do banco de sangue, Ana Paula Canesin, que procura semanalmente por novos doadores para conseguir atender todos os pedidos que chegam da região e, inclusive, do Sul de Minas Gerais. "Uma bolsa de sangue não fica nem uma semana na geladeira", conta.
Em Campinas (SP), a responsável pelo banco de sangue da cidade, Renata Venturini, passa por situação semelhante. Ela diz que possui 80 doadores regulares, mas o número não é suficiente para atender a demanda, já que o hemocentro também tem filial em São José do Rio Preto (SP). "Às vezes nos procuram e não temos como fornecer imediatamente, é preciso esperar até uma semana para fazermos uma nova coleta", afirma.
Em Ribeirão, Ana Paula tem cadastrados 115 doadores fixos, mas seria necessário o dobro para manter o estoque sempre em dia. Entre os voluntários regulares está Missy, a golden retriever que aos 2 anos de idade já salvou a vida de pelo menos 12 cachorros.
“Ainda existe uma espécie de medo por parte dos proprietários. Muita gente pensa que a doação prejudica a saúde do animal, ou faz ele sofrer. Mas os doadores ficam super bem depois da coleta, no máximo em dois dias recuperam tudo o que doaram”, diz Ana Paula.
Depois de colhido, o sangue é centrifugado e separado em três partes: hemácias, plasma e plaquetas, cada uma para um tipo de tratamento. "Por isso, o sangue de um único cachorro pode salvar a vida de até três", afirma Ana Paula.A veterinária explica que a coleta do sangue é feita a cada três meses e não exige esforço por parte dos proprietários, porque é feita no local onde o cão doador vive. Todos os materiais como agulhas, seringas e bolsas são os mesmos utilizados na transfusão humana, ou seja, descartáveis e sem risco de contaminação.
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