O Jornal Nacional, da Rede Globo, divulgou matéria na noite desta quarta-feira (8) em que quatro membros de uma seita muçulmana foram acusados de atos cruéis contra crianças, por mantê-las em um cativeiro no subterrâneo de uma casa na região do Tartaristão, no oeste da Rússia.
Além das 27 crianças, algumas das quais nunca haviam visto a luz do sol, a polícia também descobriu 38 adultos vivendo em celas oito níveis abaixo da casa do líder da comunidade, Faizrakhman Sattarov. Eles se refugiaram em um “acampamento subterrâneo” por cerca de dez anos, onde mantinham seus filhos em celas desprovidas de iluminação, aquecimento ou ventilação. Nenhum dos integrantes da seita quis comentar as acusações.
Segundo os agentes de justiça, os filhos têm entre 1 e 17 anos e nunca haviam deixado a propriedade. Os pais, que fazem parte da seita, foram acusados de abuso infantil e seus filhos já se encontram sob a custódia do governo. De acordo com a mídia local, algumas das crianças estão sendo tratadas em abrigos e outras em hospitais. Policiais responsáveis pela operação descobriram que o complexo possuía grande risco de incêndio, além de má ventilação e falta de saneamento.
‘Luz divina’
Sattarov foi acusado pelo crime de “arbitrariedade”, que, segundo a lei russa, ocorre quando alguém “promove ação contrária à apresentada na lei ou a qualquer outro ato normativo legal”. Segundo o site russo Islam News, Sattarov, de 83 anos, havia se declarado um profeta muçulmano em meados da década de 60 após interpretar faíscas lançadas por um cabo de trolleybus como “luz divina”.
Confinado à cama, o líder transmitia suas instruções por meio de seu protegido Gumar Ganiev, bem como em livros em tártaro e árabe. Para aderir à comunidade, deve-se fazer um juramento à Sattarov, por escrito e oralmente. A seita considera todos os que vivem fora do acampamento como inimigos do Alcorão e não aceita as leis da Rússia.
A comunidade foi descoberta em um subúrbio da cidade de Kazan, capital do Tartaristão, durante uma investigação sobre os recentes ataques a clérigos muçulmanos da região, de maioria islâmica e às margens do Rio Volga. O refúgio começou a ser construído há uma década. Apenas alguns membros tinham permissão para sair do perímetro para trabalhar como comerciantes no mercado local, de acordo com a mídia russa.
Fonte: O Globo
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