SEXTA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2011
Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que metade dos brasileiros considera real o risco de o Brasil sofrer nas próximas duas décadas um ataque de algum país interessado em se apoderar de áreas estratégicas.
A pesquisa escutou 3.796 pessoas de 212 municípios nos 26 estados e Distrito Federal. Segundo o Ipea, 50,2% dos entrevistados consideram "muito" ou "totalmente" possível que o Brasil seja alvo de agressão militar estrangeira em função de interesses sobre a Amazônia.
Outros 45% creem que o Brasil poderá ser atacado por causa das bacias do pré-sal, que podem transformar o país em um dos maiores exportadores de petróleo. Apenas 30% descartam totalmente a ocorrência de um conflito por ambos motivos, segundo a pesquisa, que tem uma margem de erro de 5 pontos percentuais. "As duas regiões são apontadas como estratégicas em todos os documentos de defesa e essa percepção está presente entre a população brasileira embora não seja algo de seu cotidiano", afirmou Edison Benedito, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea e um dos responsáveis pelo estudo.
O funcionário qualificou como "surpreendente" a alta percentagem de pessoas que teme uma agressão externa pela Amazônia ou pelo pré-sal e destacou que o temor é principalmente elevado (66%) entre a população que vive na região amazônica. Já a assessora técnica do Ipea, Luciana Acioly, considerou os resultados da pesquisa como uma demonstração que a população está atenta aos assuntos relativos às riquezas do país e ao maior protagonismo mundial do Brasil.
"Essa importância que o Brasil está ganhando no mundo leva a população a perceber quais as encruzilhadas em que nos encontramos", comentou Segundo a enquete, 34,7% das pessoas temem que o Brasil se envolva em uma guerra com outro país nos próximos 20 anos, contra 30,4% que consideram isso pouco provável e 34,3% que acreditam ser impossível.
Entre os países que representariam maior ameaça, a lista é liderada por Estados Unidos (37%), seguido por Argentina (15,6%) e Bolívia (12,2%). Curiosamente, esses mesmos países também foram apontados como maiores aliados: EUA (32,4%), Argentina (31,4%), China (16,7%), Bolívia (15,1%) e Paraguai (15%).
"Considerávamos que a percentagem dos que manifestariam temor aos conflitos armados com outro país seria menor. Foi surpreendente essa percepção da população já que o último conflito em que o Brasil se envolveu foi a Segunda Guerra Mundial e o último com ampla mobilização de recursos foi a guerra contra o Paraguai há mais de 140 anos", declarou Rodrigo Gracalossi, outro técnico do Ipea.
Além do temor de guerra, os entrevistados responderam que têm medo do crime organizado (54%), como tráfico de drogas e armas, de desastres ambientais ou climáticos (38%), de epidemias (30%) e terrorismo (29%).
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