O jogador brasileiro revelou que não acredita que o torcedor mereça uma punição severa
Neste domingo (4) no programa ‘Fantástico’, da Globo, exibiu uma entrevista do repórter Marcos Uchoa com o jogador de futebol Daniel Alves, gravada na noite de sábado em Barcelona, sobre a polêmica da banana.
Ao ser questionado sobre a repercussão mundial de seu gesto, Daniel Alves afirmou que sua ação foi instintiva. “Quando eu cobrei, caiu aqui na minha frente e o meu gesto foi pegar e comer. Mas sem pensar no que aquele gesto ia causar. Tentando dar uma resposta inteligente a um ataque e acabou tendo essa repercussão toda”.
A campanha contra o racismo começou logo depois do jogo, quando Neymar publicou na internet uma foto com uma banana. E embaixo dela a hashtag: #somostodosmacacos.
Uma hashtag é mais do que um rótulo de uma foto. É um comando. É um movimento que quer começar. E, assim como um vírus, em poucas horas, milhares de pessoas, tinham sido contaminadas.
Na televisão, a causa da banana ganhou espaço. E só depois se descobriu que havia algo por trás.
Antes mesmo de Daniel Alves comer a banana, uma agência de propaganda já tinha criado a frase “somostodosmacacos” a pedido de Neymar.
“Quando aconteceu com ele no campo do Espanhol a gente conversou em fazer uma campanha para ir contra o racismo. Mas a gente não esperava que essa situação fosse acontecer outra vez. Que fossem no estádio com uma banana para jogar em alguém”, conta Daniel Alves.
“Eu acho que hoje o acesso à internet está muito, muito grande. Qualquer coisa que se publique na internet, gera uma especulação, gera um debate. Porque não utilizar para fazer algo diferente e criar uma conscientização de que somos todos humanos, somos todos iguais e que vivemos no século XXI e isso não teria mais que existir”, afirma Daniel Alves.
“Hoje, no mundo, acontece uma catástrofe, todo mundo se sensibiliza e tal. Mas depois, acabou. Então, eu não gostaria que isso acontecesse. Porque é algo sério”, diz o jogador.
Agora, até os amigos e parentes do rapaz que jogou a banana no campo protestam na Espanha. O caso sacudiu a pequena e pacata cidade de Villareal.
“Foi uma coisa errada, mas não houve intenção”, diz um rapaz. ”Para nós, como estrangeiros, ficou parecendo que os espanhóis não nos querem. Foi um gesto feio”, diz um estrangeiro. ”Para mim, foi um ato de racismo”, acredita uma mulher.
Sobre o torcedor
David Campayo, de 26 anos, trabalha em uma empresa de porcelana da cidade.
No Centro de Treinamento do Villareal, o rapaz que jogou a banana no campo trabalhava de forma voluntária. Ele ajudava a treinar jovens das categorias de base. O clube quer desvincular sua imagem do gesto de racismo e, por isso, uma das medidas que tomou foi dispensar os serviços do rapaz.
David também perdeu a carteira de sócio e foi proibido de entrar no estádio El Madrigal, onde o Villareal joga.
Um dia depois do jogo, David foi detido e levado para uma delegacia. Prestou depoimento e foi liberado. Ele pode pegar até três anos de cadeia por injúria racial.
“Tem que haver uma punição. Mas eu não acredito que tenha que pagar o mal com o mal. A gente tem que educar. Você não pode combater assim. Banindo do futebol, tirando o emprego. Porque de repente é um pai de família e tem que sustentar a família de alguma forma. São os fortes que perdoam”, afirma Daniel Alves.
Fonte: Fantástico
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